segunda-feira, março 04, 2013

Schindler's List

Número 009 : A lista de Schindler (Schindler's List, 1993)




    Filmado em preto e branco para, segundo Spielberg, deixar o filme menos insuportável devido à violência gráfica de algumas cenas, ''A Lista de Schindler'' é construído sobre um ótimo roteiro de Steven Zaillian que mostra com tintas extremamente realistas a perseguição aos judeus na Polônia e sua recolocação no Gueto de Cracóvia, em 1941, onde famílias inteiras eram amontoadas em pequenos quartos, até a transferência de todos para o infame campo de concentração comandado pelo sociopata Amon Goeth (Ralph Fiennes, em sua estréia no cinema).
  É impossível não se emocionar com o poder das imagens dirigidas com surpreendente comedimento por Spielberg e captadas magistralmente pela câmera de Janusz Kaminski. As cenas de mulheres, homens e crianças sendo friamente assassinados com tiros na cabeça são de uma crueza insuportável, mas nunca apelativas ou redundantes.
   Mas o que difere ''A Lista de Schindler'' de tantos outros filmes sobre o Holocausto Nazista é o caráter profundamente humano e realista que os realizadores conseguiram imprimir à obra, até mesmo ao retratar o monstruoso líder do campo de concentração, Goeth.
    Apesar de ser o ''herói'' do filme, Schindler é mostrado como um empresário ganancioso e sem escrúpulos que enriqueceu se aproveitando da guerra e do fato que podia usar judeus em sua fábrica pagando menos. A princípio ele mantém-se afastado dos horrores que acontecem à sua volta, mas vai gradativamente sensibilizando-se até o ponto de sentir-se obrigado a agir em favor dos oprimidos.
Para tentar ilustrar o ponto da transformação do protagonista, Spielberg construiu duas seqüências chave usando um recurso até certo ponto simples, porém extremamente eficaz: a menina do vestido vermelho que ganha cores por meio de trucagem na pós-produção, vista correndo perdida no meio dos nazistas e, depois, já morta sendo levada para a pilha de cadáveres queimando. É nesta cena que ''A Lista de Schindler'' atinge seu ápice como obra cinematográfica, numa perfeita fusão de som, imagem, música (uma das obras-primas de John Williams) e interpretação do elenco capaz de arrepiar todos os pelos do nosso corpo.
    A partir daí o filme vira uma corrida contra o tempo, na qual Schindler tenta salvar o máximo de seus empregados que pode, usando para isso toda a sua fortuna. É impressionante o poder que o filme tem sobre quem o assiste, mesmo numa revisão. O impacto do registro quase documental daquela monstruosidade praticada em nome de uma suposta ''raça superior'' e de uma ideologia grotesca (que lamentavelmente ainda encontra seguidores até hoje) vai continuar chocando sempre, independente de credo religioso ou ideologia política.
    ''Aquele que salva uma pessoa, salva o mundo inteiro'' foi a frase de efeito usada na campanha de marketing do filme. E ela não deixa de ser verdade, tendo em vista o vasto número de pessoas que estão vivas hoje, entre sobreviventes diretos e seus descendentes, graças à lista do industrial alemão.

fonte: http://alistadeschindler.com/Filme

Curiosidades  

  • Martin Scorsese recusou-se a dirigir este filme nos anos 80. Ele achava que não faria um trabalho tão bom quanto se o diretor fosse judeu.
  • "A Lista de Schindler" foi a apresentada a Steven Spielberg por Sid Sheinberg. Ele comprou os direitos do livro em 1982 na esperança que Steven Spielberg o dirigisse. O filme explodiu em sucesso na mesma época em que Sheinberg estava deixando a MCA/Universal.
  • Spielberg começou a trabalhar neste filme na Polônia, na mesma época em que "Parque dos Dinossauros" estava em estágio de pós-produção. Ele trabalhava no "Parque dos Dinossauros" via satélite, com a ajuda de George Lucas.
  • A cena da "liquidação" no gueto de Cracóvia era apenas uma página no script original. Spielberg a transformou numa cena de 20 páginas e 20 minutos de filme baseando-se em depoimentos dos sobreviventes. Por exemplo, a cena em que o jovem homem escapa da captura pelos soldados alemães lhes dizendo que ele foi ordenado para tirar as bagagens da rua foi tirada diretamente de uma história de um sobrevivente.
  • Como Spielberg não obteve autorização para filmar em Auschwitz, as cenas do campo de concentração foram filmadas em um set construído em um dos estúdios da Universal, construído à imagem e semelhança da real Auschwitz.

  • Steven Spielberg não cobrou um único centavo para trabalhar neste filme. Ele alegava que o dinheiro seria fruto de assassinatos. Todo o dinheiro que caberia a ele, até mesmo resíduos de direitos autorais, foram repassados à Shoah Foundation, a organização que gravou e arquiva os depoimentos de sobreviventes e testemunhas do Holocausto.
  • O co-produtor Branko Lustig interpreta um garçom durante a primeira cena. Lustig é um dos sobreviventes dos campos de concentração nazistas e já produziu alguns outros filmes que abordavam este tema, incluindo "A Escolha de Sofia" (1982) e "Shoah" (1985).
  • Steven Spielberg ofereceu a Roman Polanski a posição de diretor do filme. Polanski recusou pois achava que o tema era muito pessoal para ele, que viveu no gueto de Cracóvia até os 8 anos de idade, e cuja mãe morreu num campo de concentração de Auschwitz. Polanski viria a dirigir depois "O Pianista", seu próprio filme sobre o Holocausto.

  • Para recolher trajes para 20.000 figurantes, o desenhista de roupas colocou propagandas em que procurava roupas. Como as circunstâncias econômicas eram pobres na Polônia, muitos pessoas estavam ansiosos para vender as roupas que possuíam desde a década de 40 e 50.

  • "A Lista de Schindler" foi o primeiro filme em preto e branco a ganhar o Oscar de Melhor Filme desde "Se Meu Apartamento Falasse" (1960).

  • Ao custo de 25 milhões de dólares, este é o filme em preto-e-branco mais caro da história.

Meu comentário: Filme intenso do início ao fim. Triste saber que aquilo realmente aconteceu e que tantos morreram de forma tão brutal. A história de um homem que usou o dinheiro que ganhou com toda aquela situação para livrar 1100 pessoas da morte é tocante. Em várias cenas simplesmente perdi o folego, tudo é retratado com tamanha veracidade que é difícil não ficar emocionada. Este filme leva a não esquecer, que mesmo vivendo em um mundo tão cruel em alguns instantes, sempre existe alguém disposto a arriscar e fazer o bem em prol dos outros. 

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