domingo, novembro 18, 2012

Cotas e afins...

Reflexões feitas no facebook e que a Má achou pertinente para o blog.

"Infelizmente o que vejo é um ciclo vicioso: a universidade forma com cada vez menos qualidade o profissional que entrará na sala de aula que só foi fazer uma licenciatura pois nao tinha outra "opção de passar". 

Este profissional passa em um "concurso público" do municipio ou do estado e infelizmente entra no esquema se não tiver muito amor pela camiseta: salário baixo para o tanto de trabalho que é formar uma criança, a dedicação que é estar 5 dias por semana 4 ou 5 horas por dia com 30 criancinhas em sala de aula ensinando o básico: ler, escrever, interpretar, calcular... 

Acho que se as escolas fossem realmente supervisionadas, se os profissionais publicos fizessem o mesmo que os "particulares" fazem a vida seria outra. E não digo em acesso a computadores e afins, tecnologia é complemento, não é o essencial. Apredi na época que nem retroprojetor se tinha nas escolas públicas, o professor era criativo. Aprendi na época que usavamos o mimiografo e material alternativo era tampinha de garrafa. Mas tive muitos professores com amor ao que faziam. 

As politicas públicas para mim vão muito alem de tentar remediar o fim do processo, mas deveriam atingir de fato as escolas, a tal estabilidade gerada pelos concurso tornam os profissionais das escolas publicas um tanto quanto acomodados no ciclo: eles não vão aprender mesmo para que eu nao vou ensinar, criança só aprende quando estimulada. Estudei em escola pública na Vila da Quinta que só tinha até a quinta série e meus colegas de escola saiam da aula e iam para a lavoura e hoje um bom número deles conseguiu vence tudo por terem colocado da 6ª à 8ª série a noite no ano que eu acabava a 5ª, vário deles que iriam sair da escola continuaram os estudos à noite, crianças de 12 anos estudando a noite... eu tive a sorte de conseguir bolsa em escola particular, eles tiveram a sorte da escola publica ter mais vagas para as series seguintes. 

Oriunda de escola pública, depois indo para particular, tendo cursado um técnico em um instituto federal, duas graduações e um mestrado em federal digo que tive oportunidades graças a minha formação básica, hoje faço doutorado em Portugal finaciada pelo governo Português.

Acredito que as cotas sendo bem aplicadas podem remediar uma parte bem reduzida do problema, mas o grande problema para mim está lá no início, que não é só dando bolsa família que se resolve, é com uma estrutura melhor de ensino público nas séries iniciais. 

Mudando um pouco: minha sobrinha de 11 anos é filha debranca e negro=mulata. Estuda em escola do município em Rio Grande, é a primeira da turma. Tem uma mãe que olha os cadernos em casa, que obriga a fazer a lição, tem-se uns conhecidos com a mãe de 39 anos analfabeta (eu tenho 34!), o filho mais novo de 11 anos estuda em escola pública no Cassino, é uma das melhores notas da turma. A mãe analfabeta não sabe nada, e ela só tem 39 anos, mas mesmo assim faz o filho todos os dias olhar seus caderninhos em casa. 

Com estas pequenas coisinhas vejo que os argumentos historicos e bla bla blá para cotas é bem dificil de eu engolir. Não sou a favor de cotas, sou a favor de ensino básico de qualidade, com isso o futuro está garantido. Ao invés de investir 20 anos de cotas, invistam em 20 anos de real incentino nas escolas de ensino fundamental e médio, e os próximos séculos estarão garantidos."

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