A mente humana provavelmente sempre será um grande mistério. Sabemos tantas coisas que ficam ocultas no nosso interior até precisarmos delas. Vivências, aprendizados por repetição, por extintos... simplesmente sabemos.
Sabemos a altura exata do interruptor da luz do quarto, ou a distância que devemos estar da porta para poder abrí-la mesmo no escuro. Temos a ideia exata de quanto flexionar as pernas para sentar em determinada cadeira... se ela foi trocada por uma de outro tamanho, erramos. Sabemos onde fica o interruptor do abajur ou a posição mais que certeira do botão para desligar o despertador. O nosso dia-a-dia é cheio desses saberes inconscientes.
Além desses saberes bobos diários sabemos também no fundo do nosso ser que SER é mais que saber ou querer. SER é o conjunto de todos os nossos saberes formais e informais, acadêmicos ou não, entremeado com aqueles saberes bobos de amar, estender a mão, ou chorar de vez em quando.
Nosso cérebro é a mais complexa e meticulosa caixinha de surpresas: acha conforto em memórias antigas e dá-nos força revendo erros passados. Está tudo lá... em algum cantinho, esperando para aflorar. Mas como nunca tudo são flores, ele também nos aprisiona, atraiçoa, engana. Esconde à 7 chaves o que as vezes queremos e finge que esquecemos que alguém nos feriu ou que fizemos besteiras.
O pior é que algumas vezes sabemos que estamos nos enganando, sabemos que não foi bem assim que aconteceu mas prefirimos guardar bem lá no fundo a parte que a gente não queria que tivesse acontecido. E sabemos, e como sabemos que mentimos a nós fingindo que tudo aconteceu como a gente tencionava.
Hoje eu não me engano mais assim: não finjo que um dia tudo será igual, que fulana sempre foi minha amiga quando na verdade aproveitava o que eu humildemente oferecia. Não me engano dizendo que a vida será fácil, o que a tese está quase no fim. Meus saberes intrísecos me guiam e não me deixam mais enganar-me quanto ao que está de verdade na minha mente.
Admito hoje coisa que sempre soube lá no fundo, mas que nunca tive coragem de assumir. Sei que amo, que me amam, e que a vida é cheia de trancos e barranco e que em sã consciência não vou me esconder de tudo isso.
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