É engraçado andar na rua e reparar as coisinhas simples que acontecem. Eu estava andando na galeria comercial do lado da minha casa com uma garrafa de 5 litros de água que eu tinha acabado de comprar no mercado da rua de trás. Um senhor, que estava a sair de uma loja de fotografia, olhou-me com uma cara de espanto. Deve ter pensado algo do tipo: "-O que está louca faz com uma garrafa de 5 litros de água na rua?" . Na mesma hora veio na minha cabeça a história de um paciente que minha cunhada tinha contato no hospital psiquiátrico da minha cidade. O paciente andava com uma "garrafinha" de 5 litros de água para onde fosse, pois poderia ter sede. Ao ver a cara do senhor, esta história veio à minha mente em uma fração de segundo e voltei para casa me sentindo leve.
Trinta passos depois passo por um salão cheio de manicures, e vejo pelo vidro uma senhora tão acabada de cansaço que dorme enquanto a manicure lhe faz as unhas. Ela estava com aquela cara que nós nunca queremos ser vistas: boca meio aberta, cabeça balançando no vai não vai do sono. Dou mais um sorriso satisfeita por ser normal.
Talvez uns 20 passos a frente chego a porta da minha casa. Procuro as chaves, reviro de um lado da bolsa, do outro, e a encontro no bolso traseiro das calças. Coisas do dia-a-dia. Após a porta de entrada dou 44 passos até chegar a porta do meu ap. Abro a porta e aparece Dona Pureza, a senhora que limpa a casa às segundas. Se acham que eu falo muito, ela fala muito mais. Em 15 minutos resume a semana passada e o que tem que fazer nesta. Fala, fala, fala e trabalha muito durante uma longa semana, e aparece aqui sempre com um belo sorriso no rosto pronta para o trabalho duro.Coisas de segunda.
E como é segunda, não vou a academia e vou trabalhar mais um pouco, o dia ainda é longo. Coisas da vida de uma doutoranda.
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