Meus amigos são santos.
Solitários. Brigam de madrugada por nada.
Meus amigos estão sempre apaixonados pelas mulheres erradas. Estão
casados. São pais, meus amigos.
Meus amigos riem há mais de vinte anos das mesmas piadas.
Meus amigos sentam de frente ao pôr do sol e se divertem e bebem muito e
improvisam blues e falam muito, os meus amigos. Só se levantam quando o
sol reaparece e vem lamber-lhes a nuca.
Meus amigos sempre se abraçam lá pelas tantas e trocam juras de amor. Na
verdade, meus amigos se amam e não há nisso nada de errado.
Meus amigos estão todos espalhados. Uns aqui, outros lá, alguns por aí e
tantos que nunca mais vi. Alguns de meus amigos já foram até o inferno
levar umas com o diabo.
Meus amigos, hoje, estão ficando velhos, santos e cada vez mais
solitários. A eles dedico o próximo pôr do sol, a próxima rodada e as
mesmas velhas piadas.
(desconheço a autoria, mas assino embaixo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário